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31 de janeiro de 2010

PRIMEIRO MUNDO, BRASIL E EDUCAÇÃO - OS ILUSIONISTAS:

Falam – autoridades do governo e deslumbrados coadjuvantes – de um Brasil já no primeiro mundo, apesar de estarmos no cueiro da nova década e do adubo da velha esperança. Para aqueles, não valem os índices altos de “coisas
ruins” e índices baixos de “coisas boas”: estão carimbando o País, de primeiro mundista. Fazem vista grossa para: Violência escandalosa; estradas rachadas, esburacadas, mal sinalizadas; drogas abraçando também as pequenas cidades até povoados; roubalheira despudorada e desenfreada na política; Saúde um caos, um descalabro cruel e sem tamanho; Prefeituras quebradas; saneamento luxo exclusivo para a metade dos brasileiros; abusos e agressões constantes ao meio ambiente; taxa de crescimento econômico próxima de zero; qualidade ridícula da Educação em todos os níveis; abaixo de um milhão a criação de novos empregos no último ano; aparelhamento policial constrangedor, acanhado; a volta da importância do setor primário exportador. São típicos do 3º mundo jogados embaixo do tapete, exaltando a elevação do padrão de consumo familiar via crédito farto e fácil para nos situarmos como se fôssemos já do primeiro mundo. Ideologia pura. Ilusionismo barato. Por outro lado, em qualquer pesquisa que se faça com adultos no Brasil sobre o maior problema local ou do país, a posição pode até ser alterada, mas o trio é constante, em tendência mais freqüente a seguinte colocação: 1º Saúde; 2º Violência/Segurança; 3º Saneamento Básico. Tendo como patrimônio maior os bens e a própria vida, focando nesses três problemas, o adulto encara os grandes e insolúveis problemas comuns. Recente pesquisa, sem intenção de validade científica, feita entre os muitos jovens do Brasil, revela um outro olhar, focado também naquilo que lhes toca mais de perto. Para eles, “o que precisa melhorar”, apontam pela ordem: 1) Educação (59,9%; Distribuição de renda (21,5%); 3º Saúde (7,7%); 4º Saneamento (6,0%), seguindo-se Emprego e Habitação, menos pontuados. Quem vivencia a Educação é seu público-alvo preferencial, os jovens, daí os quase 60% lembrados por eles. Entre os adultos a Educação aparece na 5ª ou 6ª posição, em nossas pesquisas recentes ou não. A UNESCO E O PNAD: Dados recentes da UNESCO e do PNAD corroboram a fala dos jovens e estudantes. A Educação no Brasil é de baixa qualidade, garantem as duas instituições, montadas sobre vários índices educacionais para o país. Contrariando os donos do poder e os seguidores do “por que ufano do meu país”, de gastos aloprados com propaganda, nem o Brasil, nem qualquer outra nação podem pertencer ao primeiro mundo com um quadro e posição tão ridículos na Educação. Começando pelos analfabetos, eles são 14,2 milhões (13%) de 15 anos a mais. De 15 a 17 anos projetava-se 48% dos jovens na escola, mas só há 30% deles estudando. No Nordeste (sempre ele) estão os piores índices encontrados. O chamado analfabeto funcional apresenta 30 milhões de pessoas (21%), o dobro do analfabeto genérico”. A este funcional não se é exigido saber ler e interpretar um bilhete, mas se enquadra nessa categoria aquele que não domina nem a leitura, nem a escrita ou o cálculo para seu desenvolvimento individual. Logo, o conceito é mais exigente. A culpa principal desses teimosos e vergonhosos dados se deve à “baixa atração” exercida pela escola de ensino básico. Ela detém o índice de repetência mais elevado da América Latina (18,7%). São poucos aqueles que ultrapassaram os cinco primeiros anos de estudo, onde o índice de evasão já no primeiro ano é de 13,8%, só inferior ao da Nicarágua. Uma vergonha!!! Sim, uma vergonha!!! Isso sem falar na estrutura física deficiente dos prédios escolares e as poucas horas de sala do alunado. Partindo para o ensino de 3º grau, como pensar um Brasil de primeiro mundo, quando este Governo facilitou Faculdades e Universidades, visando loucamente sair dos ridículos 9% dos jovens entre 17 a 24 anos, cursando faculdade. Projetaram para 2010 triplicar para 30% dos jovens no curso superior (nível de Argentina). Atingiram a meta? Não! Só chegaram a 13,4% muito distante da pretensão apesar de o MEC fazer sempre vista grossa para as denuncias muitas, que lhe chegam de alunos descontentes e exigentes de biblioteca, professores e laboratórios bons. Ainda sobre o ensino Superior e o Crédito “bonzinho” na propaganda do FIES (Fundo de Financiamento do Estudante do Ensino Superior), este registrou 28% de inadimplência, com juros de 6,5% e prazo de o dobro de anos cursados com financiamento. O aluno empregado ou mesmo sem emprego deve pagar parcelas altas (logo após os parabéns e o baile de formatura) esse “doutor” fica doidão, assustando quem só via o caminho do FIES para estudar na Faculdade particular. Só agora baixaram juros para 3,5% e aumentam de o triplo do tempo do estudo percorrido, para pagamento. ETA País, mais do que antes governado pelos bancos e pelos juros e lucros... Essa Caixa é tão boazinha, mas perde agora essa boquinha para o MEC, no meio de tantas outras que o Governo generoso lhe atribui. Em resumo, se nem mesmo há quantidade, pior, a baixa qualidade da Educação atrapalha o delírio do ingresso do Brasil no sonhado time do primeiro mundo, mesmo se todos os fatores outros fossem de bons índices. Com tanto analfabeto funcional não se vai muito longe, mesmo com crédito fácil e abundante (“quem quer dinheiro?”) para alavancar o crescimento de 2010. Futebol, carnaval, caipirinha, capoeira e churrasco são certamente importantes, mas não elevam nenhum país ao primeiro mundo. Reafirmo que têm razão os jovens entrevistados citando disparadamente a Educação. Duas verdades: Os países de primeiro mundo, apesar dos apertos e do “desconforto” da recente crise, nem por isso deixam de pertencer ao grupo do primeiro mundo. O contrário também é verdadeiro: com uma Educação de baixa qualidade, de “faz de conta” como a praticada no Brasil, não se chega ao primeiro mundo. (Selem Rachid Asmar: doutor em Sociologia e Diretor Presidente da SELEM SONDAGEM DE OPINIÃO).

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